Acho que eu preparo minha mãe para a minha saída do armário desde muito nova, mesmo que eu ainda nem desconfiasse que um dia estaria dento de um.
Dentre as inúmeras habilidades da minha língua, o sarcasmo é uma das mais desenvolvidas, e quando ele não funciona a fina grosseria não deixa a desejar. Sou famosa na família como a língua mais ferina, e ganhei esse título por mérito, com orgulho.
Quando eu tinha uns 15 anos, freqüentava rodas de pogo, shows decadentes de rock e usava as calças do meu irmão caçula. Decidida então a ter uma peça masculina só minha, me dirigi com mami querida para C&A: na sessão masculina infantil (era o que os meus 40 kg permitiam). Escolhia meu bermudão como uma debutante escolhe o vestido do baile.
Daí, minha querida progenitora, que observava tudo com aquele olhar que só mãe sabe dar, solta a seguinte (in)direta: “não gosto dessas bermudas em você, parece sapatão”
“e se eu for?”, solta sem frescuras a dita língua.
Mami: não vou poder fazer nada, só lamentar que você seja infeliz porque essa é uma vida muito difícil”.
Nunca entendi bem isso. Infeliz deve ser quem nunca amou, ou se sentiu amado. Difícil deve ser viver na escuridão de uma armário mofado, espremida entre cabides com roupas que você nem gosta!
Doze anos depois, a língua mais domesticada não consegue encontrar o momento de dizer: ‘mãe, sabe aquela amiga minha que veio aqui? Pois é... ’ Mas todas as noites durante o jantar eu ensaio: “lembra daquele dia na c&a? Passa a salada por favor...”
Dentre as inúmeras habilidades da minha língua, o sarcasmo é uma das mais desenvolvidas, e quando ele não funciona a fina grosseria não deixa a desejar. Sou famosa na família como a língua mais ferina, e ganhei esse título por mérito, com orgulho.
Quando eu tinha uns 15 anos, freqüentava rodas de pogo, shows decadentes de rock e usava as calças do meu irmão caçula. Decidida então a ter uma peça masculina só minha, me dirigi com mami querida para C&A: na sessão masculina infantil (era o que os meus 40 kg permitiam). Escolhia meu bermudão como uma debutante escolhe o vestido do baile.
Daí, minha querida progenitora, que observava tudo com aquele olhar que só mãe sabe dar, solta a seguinte (in)direta: “não gosto dessas bermudas em você, parece sapatão”
“e se eu for?”, solta sem frescuras a dita língua.
Mami: não vou poder fazer nada, só lamentar que você seja infeliz porque essa é uma vida muito difícil”.
Nunca entendi bem isso. Infeliz deve ser quem nunca amou, ou se sentiu amado. Difícil deve ser viver na escuridão de uma armário mofado, espremida entre cabides com roupas que você nem gosta!
Doze anos depois, a língua mais domesticada não consegue encontrar o momento de dizer: ‘mãe, sabe aquela amiga minha que veio aqui? Pois é... ’ Mas todas as noites durante o jantar eu ensaio: “lembra daquele dia na c&a? Passa a salada por favor...”
3 comentários:
Hahaha!! Caramba, estava lendo esse blog hoje de manhã e nem sabia que era seu! =p
Adorei!! Mais uma vez, muito bom!!
Também tive dias assim na loja... Aos 13 anos levei meu pai pra fazer compras comigo. Cheguei em casa com um bermudão , 2 camisetas enoooormes, um tênis da reef (não era modelo feminino), e um skate.
Minha mãe ficou puta da vida com meu pai, e na semana seguinte me colocou na terapia! hahaha!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Me acabei de rir com teu blog...muito bom...
A indicação dos filmes são ótimas...vi os dois...o das perucas vi outro dia, numa dessas madrugadas...muito massa o filme e eu era doido pra saber o nome...pq peguei no meio...(obrigado!)
Beijos do Alex
Eu saí do armário cediiinho. Quando tu tava na C&A comprando bermuda, eu tava fora de nárnia \o/ Mas é sempre bom prepará-las antes, mesmo. Vai que infartam O.o A minha chegou perto.
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